Ciclos.
Uma pequena palavra, a qual podem se atribuir múltiplos significados.
Há muitos fenômenos naturais que podem ser nomeados como ciclos: o ciclo circadiano, por exemplo, que dita o ritmo em que o organismo realiza suas funções ao longo de um dia. O ciclo lunar, que é o intervalo de tempo decorrido entre uma lua nova e outra. O ciclo de vida dos animais. O ciclo de vida dos objetos.
O principal deles, o ciclo natural da existência humana, é o mesmo para todo mundo: basta existir, e ele inevitavelmente acontecerá. Nascer, crescer, morrer. Princípio, meio e fim.
A maioria dos ciclos simplesmente existem. De forma consciente, ou inconsciente, eles fazem parte de nós. Existem ciclos que precisam ser retroalimentados, outros, definitivamente rompidos.
Todo ciclo indica um retorno ao início. E quando se pensa em autoestima, esse retorno perpassa o acolhimento e reconhecimento de quem se é. De seu nascimento, origem, essência, história, erros e acertos.
É recalcular a rota, recolhendo de volta tudo o que ficou no caminho. E nesses fragmentos de si, compor uma nova imagem, que definitivamente contará uma nova história.
Essa nova imagem traz consigo a mensagem da reconciliação, pois é por meio dela que nos conectamos com nosso Criador.
É por meio Dele, que fazemos as pazes com o passado.
Acolhemos nossa humanidade, nos perdoamos, reconhecemos nossas potências e fragilidades.
E esse ciclo é alimentado quando o nosso testemunho é compartilhado, para que outras mulheres também se sintam encorajadas a fazerem o mesmo.
Para que a Beleza Escondida nascesse, uma mulher precisou viver este ciclo. Foi por meio de alguém que se acolheu, reconheceu o seu valor, testemunhou e rompeu um ciclo de
morte, para dar lugar a um ciclo de vida.
Uma mulher quando, finalmente, reconhece o seu valor, transborda.
E quando ela percebe que sua narrativa, somada a ações práticas, podem mudar a vida de outras mulheres - histórias, como as que apresentamos aqui, se tornam reais.
O despertar da autoestima pode ser associado a um ciclo.
Porém, prefiro associá-lo a outro tipo de forma: um espiral.
Espirais, como a própria definição do dicionário sugere, são processos que não se conseguem parar facilmente. Eles partem de um ponto, e seguem aumentando de tamanho, progressivamente.
Não regressam. Não olham para trás.
E por falar em formas, eu imagino a sororidade como uma mola: semelhante a um espiral, mas que, por meio de uma ação, serve para impulsionar.
É sobre isso que essa campanha se trata.
Palavras de encorajamento que se conectam com ações, para que essas mulheres amem seus corpos, suas histórias, suas potencialidades e se sintam confiantes para ocupar espaços, cargos e profissões que também são delas.
E irem cada vez mais longe.
Escrito por:
Maria Rutka é designer de moda, consultora de imagem e estilo e voluntária da Beleza Escondida.
Comments