As mulheres são conhecidas por sua capacidade de assumir múltiplos papeis. Como se entrassem em cartaz ininterrupta e paulatinamente, ora performando malabares, ora passes de mágica, enfrentando dramas, lutando epicamente, provocando risos, lágrimas e reviravoltas, operando curas, inspirando vidas, famílias e comunidades. Tudo-ao-mesmo-tempo. E reprisa, reprisa, reprisa...
Mulheres, mães, filhas, profissionais, amigas, líderes. Mocinhas, vilãs. Protagonistas, coadjuvantes, figurinistas, sonoplastas, roteiristas. Dirigem, produzem, distribuem. Recebem críticas (muitas) e eventualmente (algum) reconhecimento. Por vezes, interpretam um personagem que aceitaram ‘porquê sim’. Outras, escrevem seu próprio script, determinando os rumos da história.
Há aquelas que ocupam espaços maiores de influência, e, portanto, podem promover transformações em benefício de outras tantas. Essa é uma responsabilidade tremenda, que deve ser abraçada coletivamente e com força de intenção. Há quem chame de sororidade, mas importa menos o nome e mais o olhar compreensivo e disciplinado para as necessidades das mulheres a fim de descobrir o que pode fazê-las a prosperar. Para quem se pergunta por que isso é importante, a resposta é simples: quando uma mulher prospera o seu entorno prospera junto!
Observemos e perguntemo-nos como apoiar:
Jovens buscando sua primeira colocação profissional;
Profissionais experientes e competentes com dificuldades de ascender;
Mães-solo, sem rede de apoio, lutando para equilibrar todas as demandas;
Mulheres em situação de vulnerabilidade social;
Vítimas de violência doméstica;
Puérperas inexperientes ou sofrendo de depressão pós-parto;
Cuidadoras primárias de familiares que não possuem fonte de renda própria;
As que acalentam o sonho da maternidade há tempos e passam pela jornada de fertilização;
Voluntárias em suas comunidades, trabalhando em prol de uma agenda social.
Essa lista poderia continuar indefinidamente. Fato é: nós SEMPRE podemos fazer alguma coisa.
Se somos gestoras de pessoas dentro das organizações, podemos oferecer um espaço de escuta ativa e, mais do que isso, PROATIVA. Ouvir, entender, endereçar, mobilizar aliados, estudar, propor pequenas mudanças e – por que não – sugerir políticas. Podemos falar abertamente das diferentes realidades, compartilhar experiências, fazer perguntas, propor pequenas ações (em prol da paternidade também!) que ajudem a minimizar impactos de desigualdades e desequilíbrios que, ainda que antecedam nossos tempos, é nosso dever combater.
Tenho a satisfação de conhecer de perto tantos exemplos nesse sentido, que me fazem acreditar que alcançaremos um final feliz, mas como em todo bom filme, é preciso atores talentosos (em frente e atrás das câmeras).
Nós temos mais coisas em comum do que imaginamos. Sempre conhecemos alguém que conhece alguém. Mas se às vezes, a exemplo daquela fala famosa que se repete em muitos filmes – "é complicado" – também se ajuda não fazendo coisas. Soa estranho, eu sei, mas aqui vai uma outra lista:
Não julgar ou tecer comentários maldosos ou desrespeitosos;
Não fazer avaliações superficiais de situações que têm raízes mais complexas e profundas;
Não fazer de tudo um ato de competição;
Não comparar.
Essa lista também poderia ser extensa, mas prefiro colocar luz, câmera, ação (!) sobre a primeira. E você?
Por Laura Vidmontas
Laura é Diretora de RH, Comunicação, Sustentabilidade e Facilities na Zurich Santander, seguradora multinacional que comercializa seguros e planos de previdência.
Acumula 25 anos de experiência profissional em instituições financeiras como Banco HSBC, Banco Bradesco e Banco Sofisa. Tem graduação em Administração pela PUC-PR, pós-graduação RH pela FAE Business School e especialização em Sustentabilidade pelo MIT Professional Education. É mãe do Arthur, para quem quer deixar um mundo melhor.
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